Professora Morgana Guimarães e seus alunos do Colégio Gálatas
A ideia de realizar a aula com a construção de uma oficina de acessibilidade no ensino de química surgiu de nossas discussões sobre o capacistimo, que inclusive já foi assunto de postagens do blog “Química Acessível” e de apresentação no Festival do Conhecimento realizado pela UFRJ em julho desse ano. Pouco se fala sobre o capacistimo na sociedade e nas escolas. Por muitas vezes cometemos o capacitismo sem sequer percebamos que estamos cometendo tal ato. Com isso, levamos a discussão para as aulas de química de uma escola privada.
Os alunos durante a aula relataram que já presenciaram atos de capacistimo e prontamente se mostraram dispostos a participarem de uma oficina que pudesse atender a um colega que portasse algum tipo de deficiência. Trabalhamos a questão da deficiência visual neste primeiro momento. Cada aluno ficou livre para escolher um assunto de química que aprenderam nesse ano de 2021. As turmas eram do primeiro ano e segundo ano do ensino médio. O primeiro ano ficou com a construção de um material que pudesse ser utilizado com o tato e o olfato e o segundo ano ficou com a parte de conscientização do conceito de capacitismo. O trabalho de conscientização foi feito com os recursos que os estudantes já usam e possuem contato no dia a dia, como a construção de podcast e de memes. Confira o podcast no link abaixo:
Fiquei muito feliz em ver o esforço, a dedicação e a criatividade dos alunos durante a aula. Tentamos deixar tudo o mais real possível e respeitando os protocolos de segurança em relação à pandemia, cada um levou uma venda. Ali dividimos os alunos do primeiro ano do ensino médio em dois grupos, um grupo vidente e outro com a deficiência visual. O trabalho entre eles foi emocionante. Eles explicaram os átomos para os colegas com a venda, enquanto existia uma troca de ideias sobre o assunto bem interessante.
Algo que vem chamar a atenção, é que no momento em que os alunos com a venda vieram a utilizar o paladar, que neste caso foi usado para a discussão sobre fenômenos físicos e químicos, muitos alunos relataram que estavam sentindo mais o gosto dos alimentos que foram apresentados ali naquele momento de aula. Seguem aqui alguns registros da nossa oficina de acessibilidade.
AD: foto de uma bacia branca com formato retangular e dentro dela existem tesouras, um pote com tampinhas de garrafa nas cores verde, branca, vermelha, laranja e preta. Temos também dentro bacia uma pistola de cola quente, um pode de tampa amarela e um rolo de fio de lã na cor laranja.
AD: foto de seis alunos trabalhando divididos em dois grupos de dois componentes e um grupo de três componentes. Temos uma sala de aula com mesas grandes na cor branca e cadeiras amarelas. Os alunos aparecem na foto conversando entre si.
AD: temos uma foto de um átomo construído numa cartolina branca. A eletrosfera está representada pelo fio de lã laranja. Os elétrons foram representados por tampinhas de garrafa na cor azul e elas estão viradas com a parte lisa da tampa para cima. Já os prótons estão no meio com e são tampinhas vermelhas com a parte na cor amarela e lisa para cima e os nêutrons também são representados no desenho, mas com a parte lisa voltada para baixo. Na parte superior da cartolina temos a palavra “eletrosfera” escrita em fio de lã laranja.
AD: arte dividida em dois momentos em formato quadrado. No quadrado de cima temos um grupo de pessoas realizando capacitismo com um atleta das paralimpíadas e no quadro inferior temos o atleta que sofreu o capacitismo ganhando uma medalha olímpica no ano de 2016.
AD: arte no formato quadrado com fundo rosa. Nele temos uma idosa dizendo para uma cadeirante: “Meu Deus, tadinha. Vou orar por você!”
AD: arte em tons de azul e com estrelas nos cantos superiores na cor amarela. Temos nela uma definição simples de capacitismo dizendo que é o preconceito com pessoas com deficiência.
Conclusões:
Precisamos incentivar aos alunos a trabalharem cada vez mais com a acessibilidade. Encontramos um “terreno fértil” de conscientização nos alunos. Inclusive a turma que trabalhou a acessibilidade para pessoas com deficiência visual solicitou que uma oficina de acessibilidade para pessoas com deficiência auditiva fosse feita. Iremos investir no próximo trimestre em deixar a escola toda acessível para receber alunos com deficiência auditiva. Iniciando na aprendizagem de Libras em cada setor do colégio. Estamos dando pequenos passos, porém passos constantes em busca de maior acessibilidade para todos.
Republicou isso em Pesquisas de Químicae comentado:
Muito legal esse relato da Profª Morgana Guimarães com seus alunos do Colégio Gálatas.
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